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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Química nas nossas vidas


Tudo isto é Química!
Tudo isto é Química!
Há a ideia generalizada de que o que é natural é bom e o que é sintético, o que resulta da acção do homem, é mau. Não vou citar os terramotos, tsunamis e tempestades, tudo natural, que não tem nada de bom, mas antes certas substâncias naturais muito más, como as toxinas produzidas naturalmente por certas bactérias e os vírus, todos tão na moda nestes últimos tempos.

Dos oito maiores venenos que existem, seis são naturais: a toxina A do butonilium, a toxina A do tétano, toxina da difteria, a ricina (do rícino), a muscarina (dos cogumelos) e a bufotoxina (dos sapos); destes, só o sarin (gás dos nervos, 8º lugar) e as dioxinas (5º lugar) é que são de origem sintética.

* Professor Catedrático jubilado do Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Conselheiro do ciência Hoje para o Ano Internacional da Química.

Muitos alimentos contêm substâncias naturais que podem causar doenças, como por exemplo o Isocianato de alilo (alho, mostarda) que pode originar tumores, o benzopireno (fumados, churrascos) causador de cancro do estômago, os cianetos (amêndoas amargas, mandioca) que são tóxicos, as hidrazinas (cogumelos) que são cancerígenas, a saxtoxina (marisco) e a tetrodotoxina (peixe estragado) que causam paralisia e morte, certos taninos (café, cacau) causadores de cancro do esófago e da boca e muitos outros.
Podemos então dizer que “Quando um produto natural mata... É natural! Fica a consolação de se morrer... naturalmente”.

A má imagem da Química

A má imagem da Química resulta da sua má utilização e deve-se particularmente à dispersão de resíduos no ambiente (que levam ao aquecimento global e mudanças climáticas, ao buraco da camada de ozono e à contaminação das águas e solos) e à utilização de aditivos alimentares e pesticidas.

Quem não admira o fogo de artifício?
Quem não admira o fogo de artifício?
Muitos destes males são o resultado da pouca educação dos cidadãos. Quem separa e compacta o lixo? Quem entrega os medicamentos antigos nas farmácias? Quem trata os efluentes das vacarias e pocilgas? Quem deixa toda a espécie de lixo nas areias das nossas praias e matas? Quem usa e abusa do automóvel? Quem berra contra a incineração mas enche a sala de fumo, intoxicando toda a família? Quem não admira o fogo-de-artifício, que enche a atmosfera e as águas de metais pesados?

Há o hábito de utilizar a palavra “químicos” para designar substâncias de síntese, imprimindo-lhes um ar perverso, de substância maldita. Há tempos passou na TV um anúncio da DGS destinado a combater o uso do tabaco que dizia: “… o fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas…”.

Bastaria referir “substâncias”, mas teve de aparecer o adjectivo “químicas” para lhes dar um ar mais tenebroso. Todas as substâncias, naturais ou de síntese, são “químicos”! Todas as substâncias, naturais ou de síntese, podem ser prejudiciais à saúde! Tudo depende da dose.

Qualquer dia aparecerá uma notícia na TV referindo, logo a seguir às tricas dos dirigentes e jogadores de futebol, que “A água, substância com a fórmula molecular H2O, foi o químico responsável por muitas mortes nas nossas praias”… por falta de cuidado! Porque os Químicos, os que trabalham em Química, determinaram as estruturas e propriedades destas substâncias, haverá razão para lhes chamar “substâncias químicas”?

Estamos a ser envenenados pelos muitos “químicos” que invadem as nossas vidas?


Quando olhamos à nossa volta dificilmente encontramos algo que não tenha resultado de processos químicos. Embora muito do progresso da nossa Sociedade se deva à Química, é habitual realçar-se mais a parte negativa que resulta de uma má utilização da Química, difundindo-se a ideia de que o que é natural é bom e o que é sintético (a que chamam “os químicos”) é mau. Será mesmo assim?
A ideia de que o cancro está a aumentar devido a estes “químicos” é desmentida pelos números (vide gráficos), à excepção do fumo do tabaco, que é a maior causa de aumento do cancro do pulmão e vias respiratórias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um aumento do número de cancros. Curiosamente, o tabaco é natural e estas 4000 substâncias químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas… resultam da queima das folhas do tabaco. A reacção de combustão não foi inventada pelos químicos; vem da idade da pedra, quando o Homem descobriu o fogo.

O número de cancros das vias respiratórias na mulher só começou a crescer a meados dos anos 60, com a emancipação da mulher (Luta das mulheres pelo mesmo direito ... a morrer!) . É o tipo de cancro responsável pelo maior número de mortes nos Estados Unidos.

Não é verdade que as substâncias de síntese (os “químicos”) sejam uma causa importante de cancro; isto sucede somente quando há a exposição a altas doses (pequenos grupos, ocupacionais).

As maiores causas de cancro são o fumo do tabaco, o excesso de álcool , certas viroses , inflamações crónicas e problemas hormonais. A melhor defesa é uma dieta rica em frutos e vegetais.

Substâncias cancerígenas

Consideram-se cancerígenas as substâncias que causam cancro na espécie humana ou em duas espécies de mamíferos. A classificação de “cancerígeno” resulta de estudos populacionais (comparando a ocorrência de cancros em populações expostas e populações não-expostas a certos agentes) e estudos em animais.

Aumento da esperança de vida no mundo ocidental
Aumento da esperança de vida no mundo ocidental
É o caso da ocorrência de cancros no fígado em operários expostos a cloreto de vinilo e a amianto e cancros no estômago devido ao consumo intensivo de fumeiros (presença de benzopireno).

Os estudos em animais realizam-se normalmente com populações pequenas, utilizando doses elevadas das substâncias a ensaiar.

Começam-se por realizar estudos com bactérias, como no teste de Ames, em que se avalia a capacidade da substância para causar mutações (alteração da sequência de bases no DNA) que são causadoras de cancros, modificações genéticas e problemas de fertilidade. Há vários tipos de testes mas só cerca de 90% das substâncias cancerígenas em humanos dão resultado positivo num dado teste.

Nenhum dos testes actualmente utilizados é perfeito e, por isso, realizam-se usualmente testes diferentes sobre a mesma substância. As substâncias com capacidade de provocar mutações são posteriormente ensaiadas em mamíferos, posteriormente sacrificados para análise dos órgãos atingidos.

Há alguns anos, metade das substâncias testadas (naturais e sintéticas) em roedores deram resultado positivo em alguns testes de cancerigenidade, o que pode resultar do uso de doses muito elevadas. Muitos alimentos contêm substâncias naturais que dão resultado positivo, como é o caso do café torrado.

Evolução da incidência de cancros nos homens nos EUA (clique para ampliar)
Evolução da incidência de cancros nos homens nos EUA (clique para ampliar)
Embora um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Coração de Sheba, Israel, mostrasse que a cafeína do café tem propriedades antioxidantes, actuando no combate a radicais livres diminuindo o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro, a verdade é que, há meia dúzia de anos, só 3% dos compostos existentes no café tinham sido testados.

Das 30 substâncias testadas no café torrado, 21 eram cancerígenas em roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar de tomar café? Certamente que não. O que sucede é que a Química é hoje capaz de detectar e caracterizar quantidades minúsculas de substâncias, o que não sucedia no passado. Como se disse, o veneno está na dose e estas substâncias estão presentes em concentrações demasiado pequenas para causar danos.

Um caso recente foi a polémica sobre o uso do adoçante aspartame, dado que o grupo do Dr. Morando Sofritti, da Fundação Ramazzini (Bolonha) verificou que o adoçante era cancerígeno em roedores (2005-2006). O caso foi reanalisado por um painel de especialistas da EFSA (European Food Safety Autority), do US National Cancer Institute e do US National Toxicology Program que concluiu que não há razões para alterar a posição que vinha sendo adoptada (dose diária admitida de 40 mg por kg de massa corporal que, para um indivíduo de 70 kg, é de 2,8 g).

Se se utilizar aspartame três vezes por dia, colocando 3 pastilhas por chávena, a dose total é de 0,18 g, que é cerca de 15 vezes menor que a dose diária máxima admitida.

Há meia dúzia de anos só 3% dos compostos existentes no café tinham sido testados
Há meia dúzia de anos só 3% dos compostos existentes no café tinham sido testados
O aspartame é um éster metílico do dipéptido derivado dos aminoácidos naturais fenilalanina e ácido aspártico e, por hidrólise no nosso organismo, origina os dois aminoácidos e metanol. Só não pode ser ingerido por pessoas com intolerância à fenilalanina. A tabela apresenta uma comparação das quantidades de produtos da hidrólise do aspartame derivados de uma lata de refrigerante e de várias porções de alimentos, mostrando que o frango, o leite e o sumo de tomate ainda originam maiores quantidades destes produtos.

Os aditivos alimentares e os pesticidas

Os aditivos alimentares e os pesticidas são outra fonte de preocupação da sociedade. Os aditivos alimentares aumentam a qualidade, disponibilidade e segurança dos alimentos, a preços acessíveis. Destinam-se a evitar que os alimentos se estraguem por acção de bactérias, fungos, bolores, fermentos e reacções químicas, para aumentar o seu valor nutritivo (adição de vitaminas, minerais e outros), para preservar as suas propriedades físicas (agentes anti-caking, emulsionantes, etc.) e para os tornar mais atractivos (cor e sabor).

Os aditivos utilizados legalmente são seguros, pois tanto nos EUA como na UE há um controlo permanente e rigoroso dos aditivos autorizados (e respectiva dose admitida), com reavaliações em caso de necessidade.

Quantidades dos produtos de hidrólise do aspartame e de alimentos tradicionais
Quantidades dos produtos de hidrólise do aspartame e de alimentos tradicionais
Certas pessoas têm o hábito de verificar se os produtos comerciais têm muitos ou poucos EEE, encarando estes EEE como sinais de perigosidade. A letra E refere-se a Europa e os números que lhe estão associados indicam o produto em particular.

Tudo isto está inventariado e controlado a nível da UE. Todos nós respiramos uma mistura de uma parte de E948 e cinco partes de E941, expiramos E290, usamos objectos de E174 e E175 e polvilhamo-nos com E553b. O E270 existe no iogurte (ácido láctico), o E300 nos citrinos (ácido cítrico), o E307 no azeite (vitamina E), o E300 em muitos frutos (vitamina C) e o E260 no vinagre (ácido acético). São estes os exemplos mais vulgares destes terríveis EEE…

Os pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito maior que os pesticidas de síntese.
Os pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito maior que os pesticidas de síntese.
Os pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito maior que os pesticidas de síntese. Os resíduos de pesticidas de síntese nos vegetais são insignificantes (se usados de acordo com as instruções) comparados com os resíduos de pesticidas naturais (e produtos da sua decomposição). Nos EUA, cada pessoa ingere diariamente grama e meio de pesticidas naturais, cerca de dez mil vezes mais do que a quantidade ingerida de pesticidas de síntese.

O argumento de que os pesticidas naturais são mais inofensivos devido à evolução, não tem fundamento. Na realidade, muitas substâncias naturais, presentes através da evolução, provocam o cancro; as defesas do organismo não distinguem as substâncias naturais das sintéticas, o Homem não habita a Terra há tempo suficiente para se estabelecer uma harmonia com as substâncias naturais e muitos dos alimentos actuais (café, chá, batata, tomates, kiwis, …) são relativamente recentes.

Todos concordam que o importante é consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais
Todos concordam que o importante é consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais
Segundo o Prof. B. Ames, Professor de Bioquímica na Universidade da Califórnia (Berkeley), os riscos devidos a resíduos de pesticidas (naturais e de síntese), nas exposições médias verificadas, são mínimos. Não vale a pena gastar muito dinheiro a eliminar quantidades mínimas de pesticidas (os actuais métodos analíticos encontram tudo …), tornando os vegetais mais caros e menos acessíveis. Independentemente de consumirmos alimentos produzidos localmente, alimentos “orgânicos” ou alimentos convencionais, todos concordam que o importante é consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais.

Isto compensa qualquer risco associado à possível presença de pequenas quantidades de pesticidas. Tenham muito cuidado com as adubações por meio de estrumes naturais …

Pensamento do dia

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice Lispector

Extinção dos Governos Civis

O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho tomou "a decisão de não nomear novos governadores civis". Este é o primeiro passo para a descentralização de competências, que culminará com uma revisão constitucional e que levou já à demissão de vários governadores. Embora seja uma decisão que na prática não tem qualquer efeito, pois os mesmos como não pediram exoneração do cargo continuam a receber os seus vencimentos, mas é um sinal claro que o Primeiro-Ministro está determinado a acabar com esse cancro que só servia para dar emprego aos "jobs for the boys".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pensamento do dia

Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'

Dedique tempo aos seus amigos

10 regras para permanecer saudável - parte 2Por incrível que lhe pareça, os seus amigos têm um papel importante na sua saúde, e mais ainda, esta importância já foi provada vários estudos científicos.
Esses estudos já demonstraram que as pessoas com fortes amizades têm um sistema imunitário mais robusto, e têm menor probabilidade de contrair doenças infecciosas. Em 2008, investigadores da Universidade de Harvard, descobriram que indivíduos que se relacionam socialmente estão mais protegidos contra a perda de memória e outras desordens cognitivas. Outros estudos relacionam as suas capacidades sociais com doenças cardíacas, enquanto que um estudo de 2009 revela que uma pessoa com poucas amizades, tem mais probabilidade de sofrer de doenças cardíacas, depressão e ansiedade.
Faça este pequeno exercício: uma ou duas vezes por semana, telefone ou vá falar com um amigo com quem não fala há algum tempo. Perca mais tempo a ouvir do que a falar. Os seus amigos vão apreciar e provavelmente terão conversas mais frequentes consigo.
 – Mantenha o pH neutro
O corpo humano é mais saudável quanto está a um pH neutro (ou seja, não é ácido, nem alcalino). Quando eu pH baixa, o corpo sofre de uma condição chamada acidose que pode causar fadiga, respiração acelerada, problemas de estômago e confusão.
A alimentação actual, rica em carne e açúcar, potencia a acidose, e deve ser combatida com o aumento do consumo de vegetais.
Deve por isso consumir feijão verde, espargos, cenouras, pepinos, coco e abacates para aproximar o pH do seu ponto óptimo.
 – Coma alho
Estudos têm demonstrado que o alho pode agir como um poderoso antioxidante e antibiótico, bem como reduzir a duração e o número de contipações que pode ter. Além disso, o alho tem-se mostrado eficaz na redução da pressão arterial, dos triglicerídeos e do colesterol.
Adicione alho às sua refeições, fará muito bem pela sua saúde.
 – Faça uma desintoxicação regularmente
Problemas digestivos, fadiga, erupções ou dor muscular são frequentemente sinais de que poderia beneficiar com um programa de desintoxicação, a maioria dos quais exigem que limite o consumo de carne, e evite trigo, açúcar e álcool.
Um bom sítio para começar é ler a série de artigos Dieta e regime de desintoxicação do fígado.
Aproveite e faça sauna ou outro tipo de banhos numa sala bem quente. O seu corpo irá agradecer e livrar-se de muitas toxinas prejudiciais.
 – Durma mais
A privação de sono tem o mesmo efeito biológico do stress: aumenta a produção da hormona cortisol, que lhe dá energia, mas restringe a produção da hormona do crescimento humano, limitando a capacidade do seu corpo se reparar.
Assim como o stress, perda de sono tem um efeito degenerativo na saúde, e a falta de sono também está ligado ao comprometimento da função imunológica.
Faça uma sesta de 20 minutos depois do almoço para ter uma tarde mais alerta com maior produtividade e permitir ao seu corpo descansar o suficiente para se manter saudável.
Fonte: http://neturalmente.com/

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pensamento do dia

 "Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos."
William Shakespeare Inglaterra 1564 // 1616 Dramaturgo/Poeta/Actor/Compositor

Estrela em formação expele milhares de litros de água

Fenómeno pode fazer parte do processo normal do crescimento das estrelas

2011-06-16
A 750 anos-luz da Terra está a nascer uma estrela que dispara milhares de litros de água por segundo para o espaço. Envolta em gases e pó, a proto-estrela, que não tem mais do que cem mil anos, encontra-se na constelação Perseus e é da mesma classe do nosso Sol, o que sugere que este tenha tido um comportamento parecido durante a sua formação.
Através de dois enormes jactos – um em cada pólo – esta nova estrela lança o equivalente a cem milhões de vezes o caudal do rio Amazonas. 
O trabalho de investigação, a publicar na revista «Astronomy & Astrophysics», foi dirigido por Lars Kristensen, astrónomo da Universidade de Leiden (Holanda). O cientista explica que “a velocidade a que a água é expelida alcança os 200 mil quilómetros por hora, ou seja, é 80 vezes mais rápida do que as balas disparadas por uma metralhadora”.
Para captar as marcas características do oxigénio e do hidrogénio (os componente da água), a equipa utilizou os instrumentos de infra-vermelhos que se encontram a bordo do Observatório Espacial Herschel. Uma vez localizadas essas classes de átomos, os investigadores seguiram-lhe o rasto até à estrela onde se formaram.
A primeira conclusão dos astrónomos é que a água se formou mesmo na estrela, a temperaturas de poucos milhares de graus. Essa água encontrou depois temperaturas mais elevadas (100 mil graus), estando, assim, no estado gasoso.
Quando esses gases chegaram a camadas externas mais frias da nuvem de material que rodeia a proto-estrela (e que se encontra a cinco mil vezes a distância que separa a Terra do Sol) foi criada uma “frente de choque” e os gases condensaram-se, ou seja, passaram para o estado líquido.
Esta descoberta é importante, consideram os investigadores, pois sugere que este fenómeno faz parte do processo normal do crescimento das estrelas. “Só agora começamos a perceber que todas as estrelas como o Sol passaram, provavelmente, por uma fase de muita energia quando eram jovens. É nesse momento da sua vida que expulsam muito material a grande velocidade. Agora sabemos que parte desse material é água”, diz Kristensen. Essa água poderá ajudar a “semear” os ingredientes necessários para a vida.

Floresta europeia está a aumentar

Novo relatório apresentou indicadores positivos


Área florestal europeia assinalada a verde (Clique para aumentar)
Área florestal europeia assinalada a verde (Clique para aumentar)
Ao longo dos últimos 20 anos, a superfície florestal aumentou em todas as regiões da Europa e cresceu anualmente 800 mil hectares, revelou o relatório "A situação das florestas na Europa de 2011", apresentado na VI conferência ministerial para a protecção das florestas da Europa, que decorreu em Oslo, na Noruega.
As florestas europeias representam um quarto do total mundial, pelo que são encaradas como um dos principais factores no combate às alterações climáticas, pois absorverem importantes quantidades de dióxido de carbono (CO2).

A conferência ditou também neste relatório que o facto de as árvores absorverem CO2 durante o crescimento implicou que as florestas europeias tenham extraído anualmente da atmosfera, entre 2005 e 2010, 870 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que corresponde a dez por cento das emissões de gases com efeitos de estufa nos países europeus, em 2008.
Porém, o relatório dos 46 estados membros do território europeu, não deixa de chamar a atenção para os aspectos negativos que podem pôr em causa esta evolução, como a poluição atmosférica que afecta os solos nas regiões florestais e desastres como as tempestades e incêndios.
Esta conferência ministerial para a protecção das florestas na Europa  procurou encorajar a protecção e gestão duradoura das florestas, com o objectivo de chegar a um acordo internacional com carácter vinculativo sobre esta matéria.

Sonda Messenger envia notícias de Mercúrio

O planeta mais próximo do Sol está a surpreender cientistas da NASA

2011-06-17
Crateras de Mercúrio podem conter água congelada
Crateras de Mercúrio podem conter água congelada
A sonda Messenger, da NASA, que há três meses se encontra na órbita de Mercúrio, enviou já elementos suficientes para surpreender os investigadores. Muitas teorias sobre o planeta mais próximo do sol estão a ser revistas, outras confirmadas. A sonda entrou na órbita do planeta dia 18 de Março, depois de uma viagem de seis anos. É a sonda que até agora esteve mais próxima daquele planeta, a apenas 200 quilómetros.
Milhares de fotografias e várias medições estão a permitir aos cientistas investigar a origem e a história geológica de Mercúrio. As imagens disponíveis anteriormente do segundo planeta mais pequeno do sistema solar tinham uma resolução muito mais reduzida do que as reveladas agora.
Os mapas topográficos do planeta e as medições do seu campo magnético (um dos principais objectivos da missão) estão a ajudar a entender os processos dinâmicos que se produzem no interior do planeta. Uma das coisas que já se compreendeu foi que a explosão de partículas de energia na magnetosfera de Mercúrio é o resultado da interacção entre o campo magnético e o vento solar.
A primeira sonda enviada ao planeta foi a Mariner 10. Em 1974, esta detectou as explosões das partículas. As imagens enviadas naquela altura mostravam um planeta com uma superfície cheia de crateras. O mapa agora elaborado pela Messenger mostra que o ponto norte de Mercúrio é uma extensa zona com elevações até nove quilómetros de altura.
O autor principal do estudo, Sean Solomon, do  Carnegie Institution of Washington , explica que pela primeira vez está a conseguir-se obter uma perspectiva global da natureza e dos processos que ocorrem em Mercúrio. O investigador afirma que muitas das ideias que existiam “estão a ser substituídas por outras, à medida que vão sendo realizadas novas observações”.
Explosão de partículas de energia na magnetosfera de Mercúrio é o resultado da interacção entre o campo magnético e o vento solar
Explosão de partículas de energia na magnetosfera de Mercúrio é o resultado da interacção entre o campo magnético e o vento solar
Estas investigações estão também a permitir confirmar algumas teorias elaboradas a partir dos dados obtidos por telescópios terrestres. Detectaram-se, por exemplo, quantidades significativas de enxofre na superfície de Mercúrio. Essa presença tinha sido já sugerida em observações anteriores. Estes gases podem ter contribuído para que no passado houvesse uma grande actividade vulcânica o que terá modelado a superfície do planeta.
Crateras podem ser depósitos de água
Devido à sua proximidade com o Sol, Mercúrio alcança altas temperaturas, mais de 400 graus e a sua ténue atmosfera não retém o calor, pelo que as temperaturas nocturnas podem cair aos 170 graus negativos.
No que respeita à presença de água no planeta, as crateras observadas sugeriam que podeiam tratar-se se depósitos de água gelada. Especula-se também sobre a possibilidade de existir gelo perto dos pólos. A Messenger está a medir a profundidade das crateras situadas perto do pólo norte para verificar esta teoria.
Os dados compilados até agora mostram que as crateras onde se encontram estes depósitos parecem ser suficientemente profundos para confirmar a ideia de que estão permanentemente na sombra, o que faz com que possam, de facto, conter água em estado sólido. No entanto, a NASA admite que não tem ainda dados suficientes para confirmar essa teoria.

Estes estudos sobre Mercúrio podem dar pistas que expliquem a formação de planetas rochosos semelhantes à Terra. A missão da Messenger vai continuar por mais três anos.

Brasil cria wiki dedicada à flora da Amazónia

Primeira versão será apresentada na conferência Rio+20 que vai decorrer em Junho de 2012

Wikiflora.org será apresentada em 2012
Wikiflora.org será apresentada em 2012
Sendo um país com uma significativa biodiversidade, o Brasil vai criar uma Web wiki (ao jeito da Wikipédia) que vai reunir a descrição e o mapeamento das plantas da Amazónia. O Wikiflora.org será feito por internautas e validado por um comité de especialistas. O sítio será desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro em parceria com o IBM.
A ideia de criar esta ferramenta nasceu da constatação de que existem poucos profissionais dedicados à Sistemática (ciência que inclui taxonomia e filogenia) na Amazónia. 
Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, acredita que se não fosse criada esta forma de trabalho inovadora, “nem em 100 anos seria possível conhecer a Amazónia”.
A Wikiflora.org (que estará a funcionar a partir de 2012) quer envolver principalmente estudantes no trabalho da classificação. Os internautas vão poder comparar plantas não classificadas com uma base de colecções biológicas já existentes. Isso vai permitir a classificação de novas espécies.
Uma primeira versão do sítio deve ficar pronta para a Rio+20 – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a realizar em Junho de 2012. Nesta versão estarão descritas 2500 espécies da reserva florestal Adolpho Ducke.

Cientistas testam com sucesso em ratos vacina contra cancro

Próximo passo dos investigadores será testar o novo mecanismo em cães

2011-06-20
O cancro da próstata regrediu nos ratos de laboratório
O cancro da próstata regrediu nos ratos de laboratório
Um grupo de investigadores britânicos e norte-americanos está a desenvolver uma vacina que poderá vir a tratar vários tipos de cancro. Nesta fase de estudos, a vacina conseguiu reverter o cancro da próstata em ratos de laboratório. A investigação, que envolve cientistas da Universidade de Leeds (Reino Unido) e do Departamento de Medicina Molecular da Mayo Clinic (EUA), está publicada na «Nature Medicine».
Os autores explicam que o problema central que tem impedido o desenvolvimento de vacinas contra o cancro é a falta de antigénios identificados, ou seja, moléculas que activem o sistema imunológico para destruir as células cancerosas. Este problema foi solucionado nesta investigação com a adição de um adjuvante chamado hsp70, uma proteína que activa as defesas do organismo.
Em vez de terem utilizado um só gene associado a um determinado tumor, os investigadores desenharam uma vacina com uma “biblioteca” de DNA contendo múltiplos fragmentos de genes, e assim, muitos possíveis antigénios, o que fez com que o sistema imunológico não ficasse sobrecarregado.
Os investigadores introduziram num vírus inactivo essa selecção de DNA do tecido saudável da próstata de um grupo de ratos de laboratório. Depois, injectaram-no em ratos afectados pelo cancro da próstata. Sem efeitos secundários assinaláveis, estes ficaram curados.
Para esta técnica poder ser aplicada a seres humanas ainda será preciso percorrer um longo caminho. Citado pelo jornal espanhol «Publico», José Pulido, da Mayo Clinic, afirmou que o passo seguinte do estudo vai ser testar este mecanismo em tumores espontâneos, já que estes foram provocados. Os investigadores vão começar em breve estudos com cães que tenham desenvolvido cancros.

Avião hipersónico apresentado no Salão Aeronáutico de Paris

Veículo que ligará Paris a Nova Iorque em hora e meia vai começar a funcionar em 2050

2011-06-20
ZEHST é rápido e ecológico
ZEHST é rápido e ecológico
Será apresentado amanhã, no 49º Salão Aeronáutico e Espacial de Paris Le Bourget, o ZEHST, (Zero Emission Hypersonic Transportation), um avião hipersónico que entrará em funcionamento comercial a partir de 2050.
Com capacidade para 100 pessoas (no máximo), este veículo pode atingir a velocidade de Mach 4, ou seja, quatro vezes a velocidade do som – entre 4800 e 6000 quilómetros por hora – duas vezes mais do que os seus antecessores Concorde e Tupolev Tu-144.
Com esta velocidade, será possível viajar de Paris e Tóquio em menos de duas horas e meia e de Paris a Nova Iorque em uma hora e meia. Os bilhetes para estes percursos deverão custar entre 6000 e 8000 euros.
Criado pelo consórcio europeu EADS - European Aeronautic Defence and Space Company, dono da Airbus, o aparelho tem ainda outra vantagem além da rapidez: baixas emissões de gases contaminantes para a atmosfera.
O novo aparelho irá voar a uma altitude de 32 quilómetros acima do nível do mar, característica que lhe permite não contaminar a atmosfera. A questão ambiental está também salvaguardada na descolagem. O avião vai levantar voo através de turbinas alimentadas por um produto feito à base algas marinhas.

O Concorde foi último avião supersónico a funcionar comercialmente, tendo sido desactivado em 2003. O outro era russo, chamava-se Tupolev Tu-144, e foi desactivado ainda nos anos 70. Ambos não ultrapassavam o Mach 2.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pensamento do dia

"Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação."

Proust , Marcel

Buracos negros massivos eram comuns no início do Universo

Descoberta da Nasa é publicada hoje na «Nature»

2011-06-16
Buraco negro crescente e supermassivo. <br> (Imagem: NASA/CXC/A.Hobart)
Buraco negro crescente e supermassivo.
(Imagem: NASA/CXC/A.Hobart)
Os cientistas da NASA comprovaram que os buracos negros eram comuns no início do Universo, graças às imagens raio-X conseguidas pelo Observatório Chandra, uma descoberta que é publicada hoje na revista «Nature».

De acordo com os dados combinados do Observatório de Raios-X Chandra e do Telescópio Espacial Hubble, os buracos negros jovens cresceram de uma forma muito mais agressiva do que se pensava anteriormente, tal como as galáxias que os alojam.
A descoberta surge após a observação de uma zona específica do céu, durante seis semanas, período durante o qual os cientistas obtiveram o que é conhecido como Chandra Deep Field South (CDFS), graças ao estudo das imagens nos comprimentos de onda óptico, raio-X e infravermelho.

Os novos dados do Chandra permitem aos cientistas pesquisarem buracos negros em 200 galáxias distantes, quando o universo tinha entre 800 milhões e 950 milhões de anos.

“Até agora não tínhamos sequer ideia do papel dos buracos negros nas primeiras galáxias, ou se existiam”, sublinhou Ezequiel Treister, da Universidade do Havai e autor do estudo. “Agora sabemos que estão ali e que estão a crescer freneticamente”, frisou.

As observações mostram que entre 30 e cem por centodas galáxias distantes têm um buraco negro em crescimento. Extrapolando estes resultados para outras observações mais reduzidas, estima-se que existam pelo menos 30 milhões de buracos negros supermassivos no início do Universo.

Portugal participa na maior experiência de fusão nuclear

IPFN contribui com dezoito investigadores

Bruno Soares Gonçalves é responsável pela participação portuguesa no JET
Bruno Soares Gonçalves é responsável pela participação portuguesa no JET
Portugal tem a quarta participação mais importante nas campanhas experimentais do maior reactor experimental de fusão nuclear actualmente em operação na Terra, o tokamak JET.

A seguir à Alemanha (21 por cento), Reino Unido (16.9 por cento) e França (12 por cento), a participação lusa é de 7.5 por cento do total de investigadores e é assegurada pelo Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), unidade do Instituto Superior Técnico (IST), Lisboa.
São dezoito os investigadores do IPFN seleccionados a nível europeu para tomarem parte nesta experiência, no período entre Junho de 2011 e Março de 2012.

Em entrevista ao Ciência Hoje, Bruno Soares Gonçalves,responsável pela participação portuguesa no JET, explica que “na equipa existem vários especialistas em diagnósticos (espectroscopia, feixes de iões pesados, raios-X, reflectometria de microondas), análise de dados e interpretação dos resultados experimentais, teoria e modelização e controlo e aquisição de dados”. Existem ainda “dois operadores qualificados (Session Leaders) que se encontram entre o número limitado de investigadores que podem operar o dispositivo experimental (menos de 20) e durante este período mais três investigadores irão ser treinados para se tornarem Session Leaders”.

De acordo com o cientista do IPFN, esta participação “representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido e qualidade dos investigadores que participam no programa Europeu de Fusão. É uma importante demonstração do sucesso da Associação EURATOM-IST, liderada pelo IPFN, um projecto que completou o ano passado 20 anos de actividade que contribuiu para uma participação activa de Portugal no desenvolvimento de ciências e tecnologias de ponta com aplicação à fusão nuclear”.

André Neto, Ivo Carvalho e Diogo Alves foram os três investigadores do IPFN seleccionados para serem operadores qualificados deste grande dispositivo experimental. Tratam-se de investigadores “formados em Engenharia Física Tecnológica no IST, que desenvolvem trabalho na área de controlo e aquisição de dados e física experimental”, refere Bruno Soares Gonçalves. E “foram seleccionados após participarem num curso de formação para Session Leaders organizado no JET, no qual se destacaram com uma nota bastante elevada na avaliação do fim do curso”, acrescenta.

Interior do tokamak JET com sobreposição duma fotografia do plasma (à direita) Crédito: EFDA-JET
Interior do tokamak JET com sobreposição duma fotografia do plasma (à direita) Crédito: EFDA-JET
Solução energética

O reactor tokamak JET localiza-se em Culham, Oxford, no Reino Unido e é o “único dispositivo de fusão nuclear por confinamento magnético capaz de operar com misturas de deutério e tritio. É colectivamente utilizado por mais de 40 laboratórios membros da EFDA (European Fusion Development Agreement), um acordo em que Portugal é representado pelo IST, contribuindo para o programa mais de 350 investigadores e engenheiros de toda a União Europeia e da Suíça”, refere Bruno Soares Gonçalves.

“Desde 2000 que a participação portuguesa no JET tem vindo a aumentar, reflectindo a elevada qualidade e o reconhecimento internacional dos investigadores do IPFN. Actualmente encontra-se em construção um reactor de maiores dimensões (ITER) que visa a demonstração da viabilidade científica e tecnológica da energia de fusão. O JET foi um passo necessário para testar muitas das tecnologias que irão ser usadas no ITER, sendo também crucial para a formação da futura geração de investigadores que irão trabalhar na construção e operação do ITER”, continua.

As reacções de fusão nuclear são semelhantes ao processo que fornece a energia ao sol e às outras estrelas. Como explica Bruno Soares Gonçalves, “a investigação em fusão nuclear visa a produção de energia eléctrica com base no aproveitamento energético da energia libertada nestas reacções. A fusão nuclear é potencialmente uma fonte de energia capaz de fornecer electricidade de base sem emissão de gases causadores do efeito de estufa, com combustível abundante (o deutério extrai-se da água do mar, assim como o lítio, do qual se produz o trítio necessário) e incomparavelmente mais segura e limpa que os reactores actuais, baseados em fissão nuclear”.

Segundo o investigador do IPFN, “o JET foi o primeiro dispositivo de fusão a produzir uma quantidade significativa de energia de fusão, demonstrando que a investigação nesta área poderá fornecer uma solução energética para o futuro”.
Projectos em curso
“O IPFN tem vários projectos em curso para o desenvolvimento de sistemas de aquisição de dados para diagnósticos do JET (espectroscopia de raios gama, câmera de neutrões e monitor de Bremmstrahlung) e para o desenvolvimento de um diagnóstico de microondas para reflectometria de correlação”, afirma Bruno Soares Gonçalves. “Estes projectos surgem na sequência de anteriores projectos concluídos com sucesso (o sistema de controlo para o posicionamento vertical do plasma, a aquisição de dados para um dos diagnósticos de neutrões e o diagnostico de reflectometria de microondas)”. O cientista do IPFN sublinha que “o conhecimento e experiência adquirida nestes projectos é crucial para a participação no futuro reactor de fusão nuclear, o ITER, em construção, no qual o IPFN lidera actualmente um projecto para o desenvolvimento de um protótipo para o sistema de controlo rápido, um projecto na área da manipulação remota e ambiciona liderar o consórcio responsável pelo desenvolvimento da reflectometria de posição”.

Alternativa ecológica para tratamento de águas residuais

Fito-etar instalada pela primeira vez em unidade de turismo

Fito-etar está completamente integrada na paisagem envolvente
Fito-etar está completamente integrada na paisagem envolvente
O tratamento de águas residuais através de sistemas que utilizam vegetação e microrganismos é uma alternativa que tem vindo a ser implementada em Portugal ao longo dos últimos anos.

Mas agora, através de um projecto da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica no Porto (UCP), este tipo de solução ganhou uma nova abordagem ao ser aplicado numa unidade de turismo localizada em Ponte de Lima, devido às características típicas destas instalações, como a sazonalidade dos resíduos.
Este sistema, denominado de fito-etar, é uma alternativa ecológica às etares convencionais e caracteriza-se por recorrer ao leitos de plantas e a microrganismos como meio de tratamento de águas residuais, recriando assim as condições depurativas encontradas nas zonas húmidas naturais.
“É um tratamento biológico feito através de plantas e de microorganismos que as colonizam e que promove a degradação natural dos poluentes", explicou ao «Ciência Hoje», Paula Castro, investigadora da ESB-UCP, destacando que esta alternativa promove a biodiversidade e também tem uma boa integração na paisagem.
Embora as fito-etares não sejam “uma novidade”, a sua implementação em unidades de turismo é pioneira. “Neste caso em particular, foi estudada a sua aplicação tendo em conta as características típicas das casas de turismo, como a sazonalidade das águas residuais”, referiu a investigadora. Além disso, apesar de não se pretender “substituir as estações convencionais”, em alguns casos, as fito-etares podem ser a alternativa a não se ter qualquer estação de tratamento.
Com este projecto, a ESB-UCP pretende recolher um conjunto de dados que possa ser usado noutros modelos. Paula Castro frisou que a implementação desta fito-etar em Ponte de Lima  - já há dez meses – “está a ter resultados promissores, visto que se tem verificado a degradação dos poluentes” e que “as águas tratadas têm sido aproveitadas para efeitos de rega”.
Paula Castro
Segundo a investigadora, este processo conjunto da universidade portuguesa e da unidade de turismo, que contou com a parceria com a Universidade de Aahrus, na Dinamarca,  é uma solução mais económica relativamente aos sistemas convencionais de tratamento, para além de promover a reutilização da água.
“Não há muita tecnologia de ponta envolvida nem muita necessidade de manutenção, pelo que os seus custos são mais reduzidos. É uma solução mais simples e, em muitas situações, mais apetecível”, sublinhou.
A ESB também já testou esta tecnologia em tipologias diferentes de águas residuais, como na indústria dos curtumes. Nesta situação a escolha de plantas teve de recair sobre espécies mais resistentes aos resíduos poluentes, ao contrário do que aconteceu na unidade de turismo de Ponte de Lima, em que as plantas foram "criteriosamente seleccionadas", sobretudo, tendo em conta questões ornamentais e a integração na paisagem.

Estrela em formação expele milhares de litros de água

Fenómeno pode fazer parte do processo normal do crescimento das estrelas

2011-06-17
A 750 anos-luz da Terra está a nascer uma estrela que dispara milhares de litros de água por segundo para o espaço. Envolta em gases e pó, a proto-estrela, que não tem mais do que cem mil anos, encontra-se na constelação Perseus e é da mesma classe do nosso Sol, o que sugere que este tenha tido um comportamento parecido durante a sua formação.
Através de dois enormes jactos – um em cada pólo – esta nova estrela lança o equivalente a cem milhões de vezes o caudal do rio Amazonas. 
O trabalho de investigação, a publicar na revista «Astronomy & Astrophysics», foi dirigido por Lars Kristensen, astrónomo da Universidade de Leiden (Holanda). O cientista explica que “a velocidade a que a água é expelida alcança os 200 mil quilómetros por hora, ou seja, é 80 vezes mais rápida do que as balas disparadas por uma metralhadora”.
Para captar as marcas características do oxigénio e do hidrogénio (os componente da água), a equipa utilizou os instrumentos de infra-vermelhos que se encontram a bordo do Observatório Espacial Herschel. Uma vez localizadas essas classes de átomos, os investigadores seguiram-lhe o rasto até à estrela onde se formaram.
A primeira conclusão dos astrónomos é que a água se formou mesmo na estrela, a temperaturas de poucos milhares de graus. Essa água encontrou depois temperaturas mais elevadas (100 mil graus), estando, assim, no estado gasoso.
Quando esses gases chegaram a camadas externas mais frias da nuvem de material que rodeia a proto-estrela (e que se encontra a cinco mil vezes a distância que separa a Terra do Sol) foi criada uma “frente de choque” e os gases condensaram-se, ou seja, passaram para o estado líquido.
Esta descoberta é importante, consideram os investigadores, pois sugere que este fenómeno faz parte do processo normal do crescimento das estrelas. “Só agora começamos a perceber que todas as estrelas como o Sol passaram, provavelmente, por uma fase de muita energia quando eram jovens. É nesse momento da sua vida que expulsam muito material a grande velocidade. Agora sabemos que parte desse material é água”, diz Kristensen. Essa água poderá ajudar a “semear” os ingredientes necessários para a vida.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Biomaterial português promete "rejuvenescer" a coluna

Hidrogel recupera discos intervertebrais lesados

2011-06-14
Por Carla Sofia Flores

Discos intervertebrais funcionam como
Discos intervertebrais funcionam como "amortecedores" das vértebras
Um novo biomaterial desenvolvido por investigadores portugueses pode devolver qualidade de vida a milhões de pessoas em todo mundo que sofrem de uma das causas mais comuns de dores de costas: o desgaste dos discos intervertebrais - espécie de “amortecedores” entre as vértebras da coluna que distribuem as cargas e estão constantemente sobre pressão.

Embora já haja formas de reduzir os problemas provocados pelo desgaste destas estruturas – como fisioterapia, utilização de anti-inflamatórios, intervenções cirúrgicas para remoção do disco danificado ou fusão de vértebras -, não há nenhum tratamento com uma abordagem regenerativa, como a que é proposta num trabalho científico do grupo 3B's - Biomateriais, Biodegradáveis ​​e Biomiméticos-, da Universidade do Minho.

O disco intervertebral é uma estrutura que tende a desgastar-se ou a romper-se ao longo da vida, graças à sua desidratação, e cuja auto-reparação é muito difícil. É composto por duas partes: numa posição central está o núcleo polposo, que é formado por proteínas em estado gelatinoso e com grande quantidade de água, enquanto na parte exterior se encontra o anel fibroso, que tem grande resistência às cargas de torsão, inclinação e compressão.
“O nosso biomaterial é focado na regeneração do núcleo polposo” e pode ser “introduzido no disco através de uma cirurgia”, revelou ao «Ciência Hoje» Miguel Oliveira, um dos investigadores envolvidos neste trabalho, cujos resultados foram publicados no “Journal of Tissue Engineering and Regenerative Medicine”.
De acordo com o cientista, quando o núcleo polposo perde água e o disco altura, ganha-se instabilidade mecânica, sendo que os nervos comprimem-se, o que induz dores. O hidrogel agora criado pode ser utilizado para aliviá-las, mas sobretudo, para reformar a parte degenerada e eliminar a lesão.

Miguel Oliveira
“Este material é formado a partir dos heteropolissacarídeos expelidos pela bactéria Pseudomonas elodea. Modificámos o polissacarídeo para ser injectado no disco e ajudar à sua regeneração. Com o tempo, o biomaterial vai sendo biodegradado e substituído pelas células que existem no núcleo”, explicou, acrescentando que o hidrogel “pode ser combinado com células dos pacientes, ajudando-as a produzir a matriz do tecido”.
A grande mais-valia desta alternativa consiste precisamente na sua “abordagem regenerativa”. Miguel Oliveira sublinhou que “mimetiza a estrutura de um disco normal e  tem propriedades mecânicas e fisicoquímicas iguais.  Além disso, a performance biológica do material é inovadora”.
Actualmente já foram concluídos os ensaios in vitro e em modelos animais de pequeno porte. “Começámos agora ensaios pré-clínicos em animais de grande porte, como ovelhas. Ensaios em humanos deverão ser só daqui a três ou quatro anos”, esclareceu o investigador do grupo 3 B’s. “Até agora, o material tem-se demonstrado eficaz”, pelo que se adivinha a sua utilização clínica num futuro próximo, conclui.

Fim do oceano Atlântico já começou

Estudo foi liderado por investigador português

Processo geológico será muito lento.
Processo geológico será muito lento.
Daqui por 50 a cem milhões de anos, o oceano Atlântico deverá desaparecer. No entanto, tal como todos os fenómenos geológicos, este também demorará a acontecer. O estudo tem participação russa e é liderado pelo geólogo português Fernando Marques, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Se olharmos para a posição dos continentes não parece sugerir nada que se assemelhe ao desaparecimento dessa massa de água salgada. A novidade do estudo consiste na análise matemática de dados sobre a espessura da placa em várias regiões do Atlântico, tanto do norte como do sul.
Os resultados sugerem que a região mais provável para o início do surgimento dessa zona de subducção – é uma área de convergência de placas tectónicas, onde uma das placas desliza para debaixo da outra – é o Sudeste do Brasil. Segundo os investigadores, “existem sinais de que já aconteceu, mas faltam medidas, e tem alguns dados que poderiam ser interpretados como início de afundamento”. Entretanto, o estudo já foi submetido a um periódico científico de alto impacto.

O grande evento geológico sofrerá um processo muito lento, que demora milhões de anos. Afinal, desde a última grande deriva continental, iniciada há 250 milhões de anos, a América do Sul e a África já se têm afastado e o processo segue em andamento.

Com a abertura crescente do Atlântico, a chamada placa Sul-Americana tenderá a ficar mais esticada, mais fria e, por consequência, mais pesada. Ao peso, acresce o fluxo de material que vem do continente e é levado pelos rios até o mar.

A fragilização da placa somada ao peso adicional fará com que ela afunde e comece a deslizar por baixo da placa Africana. E, assim, aparece uma nova zona de subducção.

TGV entre Paris e Amesterdão alimentado por túnel solar

O serviço de alta velocidade (TGV – Train à Grande Vitesse) entre Amesterdão e Paris – Thalys é o nome do TGV, que faz a ligação entre os dois países – utilizou, pela primeira vez, electricidade gerada por um túnel solar. A partir de agora, 16 mil painéis solares, espalhados por 3,5 quilómetros em Antuérpia, Bélgica, vão garantir as deslocações do comboio reduzindo as emissões de dióxido de carbono (CO2).

Este conjunto de painéis fotovoltaicos, que cobrem uma área de 50 mil metros quadrados, consegue gerar 3.300 megaWatts de electricidade por hora, alimentando em energia eléctrica metade da estação de Antuérpia e dando ainda electricidade para o Thalys e outros comboios tradicionais poderem circular. A energia gerada é também utilizada em sinalização, iluminação ou aquecimento das estações ferroviárias.
O projecto desenvolvido por uma equipa de engenheiros de uma empresa de energias renováveis belga, a Enfinity, vai ajudar a baixar os custos do sector dos transportes, a eliminar os gastos de energia e a reduzir as emissões de CO2 até 2.400 toneladas por ano.

O primeiro comboio a utilizar esta tecnologia custou perto de 14 milhões de euros mas, de acordo com Bart van Renterghem, representante da empresa e citado pela «The Ecologist», a energia solar é “muito vantajosa em comparação com outras renováveis”, principalmente porque o investimento é recuperado a curto prazo.

O túnel, cujo telhado não tinha qualquer tipo de aplicação económica, foi aproveitado para a instalação destes painéis, já que não produzem qualquer ruído e quase não têm impacto visual e é agora coberto por 16 mil painéis solares que, antes desta vertente ambientalista, tinha sido construído para evitar que velhas árvores caíssem na via-férrea.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quando ocorre a morte cerebral

O exame para detectar a morte cerebral baseia-se na resposta a estímulos externos. O cérebro é o órgão que sente a dor externa, quando o cérebro está morto o paciente não sente nada. Antes de realizar o teste, o médico fará um exame toxicológico para certificar-se que o paciente não tomou algum medicamento que altere o exame neorológico e verificar se a temperatura corporal não está alterada, situações que podem reduzir a resposta neurológica. A morte cerebral é detectada quando:
  1. o paciente não responde a comandos verbais, visuais ou de outro tipo;
  2. o paciente está flácido e sem reflexos nos membros -  não apresenta movimentos; braços e pernas são levantados e soltos para que caiam e observa-se se há algum movimento adjacente, restrição ou hesitação na queda;
  3. as pupilas não reagem (estão fixas) -  os olhos do paciente são abertos e coloca-se uma luz intensa dentro; da pupila, a luz ativará o nervo ótico e enviará uma mensagem ao cérebro; o cérebro, quando normal, envia um impulso de volta para o olho de modo que ocorra constrição da pupila; no cérebro não viável nenhum impulso será gerado; este procedimento é feito nos dois olhos;
  4. o paciente não apresenta reflexo oculocefálico - os olhos do paciente são abertos e a cabeça virada para à direita e à esquerda. O cérebro vivo permitirá que os olhos façam movimentos contrários a posição da cabeça. Por exemplo, se a cabeça é girada para à direita os olhos se desviam para à esquerda. Esse movimento se chama olhos de boneca porque é exatamente o que acontece com as bonecas; os olhos permanecerão fixos;
  5. o paciente não apresenta reflexos na córnea - um cotonete é passado na córnea com o olho aberto; o cérebro vivo faz com que o olho pisque; o cérebro morto, não; isto é feito nos dois olhos;
  6. o paciente não apresenta respostas, intencionais nem posturais à estimulação supra-orbitária - a saliência da sobrancelha é comprimida com o polegar, no paciente com cérebro vivo a pressão resultante da estimulação provocará o movimento dos membros, seja propositalmente ou pelos reflexos posturais primitivos, porém, isto não ocorre no paciente com morte cerebral;
  7. o paciente não apresenta reflexo oculovestibular - o canal auditivo do paciente é examinado para assegurar que a membrana timpânica está intacta e o ouvido está sem cera, mantendo os olhos do paciente abertos, injeta-se água gelada no canal auditivo, a mudança drástica na temperatura do ouvido causará um movimento violento dos olhos pelo cérebro vivo, porém nenhuma reação ocorrerá no paciente com morte cerebral, isto é feito nos dois ouvidos;
  8. o paciente não apresenta reflexo de engasgar - abaixar a traquéia ou inserir um tubo  dentro dela, isso causará o reflexo de engasgar no paciente em coma, porém, não desencadeará tal reflexo no paciente com morte cerebral;
  9. o paciente não tem respiração espontânea - ele é removido temporariamente do suporte à vida (o ventilador); quando o aparelho cessa a respiração, o corpo começará a acumular resíduos metabólicos de dióxido de carbono (CO2) no sangue. Quando o nível de CO2 atingir a marca de 55 mm Hg (em inglês), o cérebro vivo fará com que o paciente respire espontaneamente, o cérebro morto não apresentará resposta.
Após um extenso exame clínico, se o paciente não apresentar sinais de função neurológica e a causa da lesão for conhecida, será declarado "morte cerebral". Em alguns estados americanos, é necessário que mais de um médico faça uma declaração para que a morte cerebral se torne legal. No Brasil, basta um médico.
Embora o paciente esteja com o cérebro e o tronco cerebral mortos, os reflexos medulares podem ser desencadeados (um reflexo patelar, por exemplo). Em alguns pacientes com morte cerebral, quando a mão ou o pé são tocados, o toque desencadeia um movimento reflexivo rápido.
Muitos médicos pedem novos exames para confirmar a morte cerebral quando o exame clínico demonstra que não há função neurológica.

Como funciona a morte cerebral

Coma vs. morte cerebral

Pacientes que sofrem morte cerebral não estão em coma. Pacientes em coma podem ou não evoluir para morte cerebral. O cérebro é um órgão complexo que controla os processos de pensamento, os movimentos voluntários e involuntários do indivíduo e outras funções corporais vitais, incluindo a sensibilidade auditiva, olfativa, visual e tátil, a regulação da temperatura corporal, pressão sanguínea, respiração e frequência cardíaca (o coração pode continuar a bater sem o cérebro através de uma "resposta autonómica"). O cérebro também produz hormônios para controlar a função de cada órgão. Um bom exemplo é a produção de hormônio antidiurético (ADH, ou anti-diuretic hormone). Este hormônio tem a função de aumentar a absorção de água pelo rim, concentrando a urina e oferecendo proteção contra a desidratação, que é uma ameaça à vida.
Pacientes em coma podem estar em coma profundo ou podem sobreviver em "estado vegetativo". A diferença entre estes dois estados é que um paciente em coma profundo requer hospitalização, enquanto um paciente em estado vegetativo pode receber alta e ser atendido pela família em casa. O indivíduo em estado vegetativo possui funções cerebrais inferiores e algumas funções do tronco cerebral superior a mais do que um paciente em coma profundo.
Nos dois casos, o paciente é considerado vivo do ponto de vista legal. Pacientes em coma terão alguns sinais neurológicos. A quantidade de atividade cerebral é variável e os pacientes são submetidos a exames clínicos extensos. O médico observa o paciente em busca de qualquer sinal de actividade eléctrica cerebral em resposta a um estímulo externo. Nos pacientes em coma o cérebro reage aos estímulos externos em maior ou menor grau dependendo da gravidade do coma. Isso não acontece nos pacientes com morte cerebral.

O cérebro lesionado

Quando o cérebro é lesionado, seja por causas naturais ou por traumas, há três resultados possíveis: sangramento, edema ou ambos. Algumas causas de dano ao cérebro que podem resultar em "morte cerebral" são:
  • trauma
    • aberto (ferimentos por arma de fogo, etc.)
    • fechado (golpe, etc.)
  • anoxia (período de falta de oxigénio causado por afogamento, enforcamento, inalação de fumaça, envenenamento por monóxido de carbono, etc.)
  • derrame
    • rompimento de aneurisma
    • infecção
      • bacteriana
      • viral
      • por fungos
  • tumor
    • sem metástase
    • com metástase
  • overdose de drogas
  • baixos níveis de glicose sangüínea
O sangramento no interior do cérebro pode ser catastrófico. Os neurocirurgiões podem abrir o crânio e tentar controlar o sangramento. Quando o cérebro começa a inchar, os ventrículos se colapsam e a pressão no interior do crânio aumenta. O aumento da pressão intracraniana (PIC) precisa ser tratado ou ocorrerão grandes problemas neurológicos. O médico dará ao paciente corticóides, medicamentos com alta osmolaridade para reduzir o edema e tentará prover sangue altamente oxigenado fazendo com que o pouco sangue que entra no cérebro produza o máximo benefício. Mesmo fazendo o possível para reduzir o sangramento e o edema celular, o tratamento pode não ser suficiente para controlar a PIC. À medida que a PIC aumenta, o tecido que está inchando não tem para onde expandir devido à restrição imposta pelos ossos do crânio. Às vezes o neurocirurgião coloca um parafuso no crânio. Este é aparafusado no interior do crânio e tem um orifício no meio, ligado a um dreno, que é usado para remover o líquido intracraniano, dando espaço para o edema e fornecendo uma via para medir a PIC.

Se a PIC não puder ser controlada, a pressão continuará aumentando até que a PIC se igual à pressão sangüínea do paciente. Neste momento, não entrará mais sangue no cérebro e o cérebro morrerá. Em muitos casos, a pressão aumentará empurrando o tronco cerebral para baixo, para dentro da coluna vertebral. Isso se chama herniação cerebral, e resulta em morte cerebral instantânea.

O que é morte cerebral?

Primeiro é preciso esclarecer que todas as pessoas morrem de "morte cerebral". Se uma pessoa idosa sofre uma paragem cardíaca que resulta na falta de oxigénio e nutrientes no cérebro, ou se uma pessoa mais jovem sofre um ferimento por arma de fogo na cabeça que leva à morte cerebral, o diagnóstico será o mesmo. O cérebro controla todas as nossas funções corporais, mas há três coisas que ele não pode fazer:
  • não pode sentir dor, o cérebro pode sentir a dor proveniente de todo o corpo, porém não pode sentir a dor dentro dele mesmo;
  • o cérebro não pode armazenar oxigénio, uma pessoa pode sentir em poucos segundos que está faltando oxigênio, uma pessoa levanta-se bruscamente e sente tontura, é um exemplo da diminuição do fluxo de sangue no cérebro;
  • o cérebro não pode armazenar glicose (açúcar presente no sangue), diabéticos que auto-administram insulina em excesso podem fazer baixar o nível de açúcar no sangue e desmaiar, e se não for feita uma infusão imediata de glicose o cérebro pode morrer.
O cérebro pode sobreviver por até seis minutos após o coração parar de bater. É importante aprender a realizar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), pois se a RCP for iniciada dentro de seis minutos após a paragem cardíaca, o cérebro poderá sobreviver à falta de oxigénio. Contudo, após cerca de seis minutos sem a RCP o cérebro começa a morrer. (Veja Como funciona a ressuscitação cardiopulmonar para aprender mais sobre o procedimento). A pronta ressuscitação permite ao médico tempo para administrar tratamento ao cérebro danificado. Medicação e ventilação mecânica permitem a oxigenação do tecido, mas danos graves ao cérebro ou um longo período sem oxigenação ou glicose, causam a morte cerebral.
Por definição, "morte cerebral" é "quando todo o cérebro, incluindo o tronco cerebral, perde irreversivelmente todas as suas funções". Em termos legais, a hora da morte é "o momento em que o médico (ou médicos) determina que o cérebro e o tronco cerebral perderam irreversivelmente todas as funções neurológicas".

Pensamento do dia

O homem começa a envelhecer quando as lamentações começam a tomar o lugar dos sonhos.
(John Barrymore)

Partes do cérebro

Os seres mais simples têm os mais simples sistemas nervosos constituídos por arcos reflexos. Por exemplo, vermes achatados e invertebrados não possuem um cérebro centralizado. Eles têm associações separadas de neurônios, organizadas em arcos reflexos simples. Os vermes achatados possuem redes neurais, neurônios individuais conectados que formam uma rede ao redor do animal. A maioria dos invertebrados tem cérebro simples que consistem em grupos localizados de corpos celulares neurais chamados de gânglios. Cada gânglio controla funções sensoriais e motoras em seu segmento através de um arco reflexo e os gânglios são conectados para formar um sistema nervoso simples. Conforme o sistema nervoso evoluiu, as cadeias de gânglios evoluíram para cérebros simples mais centralizados.

Principais divisões do cérebro
  • Medula espinhal
  • Tronco encefálico
  • Cerebelo
  • Cérebro anterior
    • Diencéfalo - tálamo, hipotálamo
    • Córtex cerebral
O cérebro evoluiu a partir dos gânglios dos invertebrados. Não importa o animal, um cérebro tem as seguintes partes:
  • tronco encefálico - o tronco encefálico consiste em bulbo, ponte e mesencéfalo; o tronco encefálico controla os reflexos e funções automáticas (freqüência cardíaca, pressão arterial), movimentos dos membros e funções viscerais (digestão, micção);
  • cerebelo - integra informações do sistema vestibular que indicam posição e movimento e utiliza essas informações para coordenar os movimentos dos membros;
  • hipotálamo e glândula pituitária - controlam as funções viscerais, temperatura corporal e respostas de comportamento, como alimentar-se, beber, respostas sexuais, agressão e prazer;
  • cérebro superior, também chamado de córtex cerebral ou apenas córtex- o cérebro consiste no córtex, grandes tratos fibrosos (corpo caloso) e algumas estruturas mais profundas (gânglio basal, amígdala, hipocampo); integra informações de todos os órgãos dos sentidos, inicia as funções motoras, controla as emoções e realiza os processos da memória e do pensamento, expressão de emoções e pensamentos são mais predominantes em mamíferos superiores.

Dos peixes aos humanos é possível ver que o córtex fica maior, ocupa uma porção maior da área total do cérebro e se dobra. O córtex aumentado assume funções superiores adicionais, como processamento de informações, fala, pensamento e memória. Além disso, a parte do cérebro chamada de tálamo evoluiu para ajudar a transmitir informações do tronco encefálico e da medula espinhal para o córtex cerebral.

Nosso cérebro: Tipos de neurónios básicos

Existem neurônios de vários tamanhos. Por exemplo, um único neurônio sensorial da ponta do nosso dedo tem um axônio que se estende por todo o comprimento do nosso braço, ao passo que os neurônios dentro do cérebro podem se estender por somente alguns poucos milímetros. Os neurônios possuem formatos diferentes, dependendo de sua função. Os neurônios motores, que controlam as contrações dos músculos, possuem um corpo celular em uma ponta, um axônio longo no meio e dendritos na outra ponta. Já os neurônios sensoriais têm dendritos nas duas pontas, conectados por um longo axônio com um corpo celular no meio.

Alguns tipos de neurônios: motoneurônio (a), neurônio sensorial (b), célula piramidal (c)
Os neurônios também variam no que diz respeito a suas funções:
  • os neurônios sensoriais transportam sinais das extremidades do nosso corpo (periferias) para o sistema nervoso central;
  • os neurônios motores (motoneurônios) transportam sinais do sistema nervoso central para as extremidades (músculos, pele, glândulas) do nosso corpo;
  • os receptores percebem o ambiente (químicos, luz, som, toque) e codificam essas informações em mensagens eletroquímicas, que são transmitidas pelos neurônios sensoriais;
  • os interneurônios conectam vários neurônios dentro do cérebro e da medula espinhal.
O tipo mais simples de via neural é um arco reflexo monossináptico (conexão simples), como o reflexo patelar. Quando o médico bate no ponto certo do nosso joelho com um martelo de borracha, os receptores enviam um sinal para a medula espinhal através de um neurônio sensorial. Esse neurônio passa a mensagem para um neurônio motor, que controla os músculos da nossa perna. Os impulsos nervosos viajam pelo neurônio motor e estimulam o músculo específico a se contrair. A resposta é um movimento muscular que acontece rapidamente e não envolve nosso cérebro. Os seres humanos possuem vários reflexos desse tipo, mas, conforme as tarefas vão ficando mais complexas, o "circuito" também fica mais complicado e o cérebro se integra nele.

domingo, 12 de junho de 2011

Nosso cérebro: Estrutura dos neurónios

Nosso cérebro é composto por aproximadamente 100 biliões de células nervosas, chamadas de neurónios. Os neurónios têm a incrível habilidade de juntar e transmitir sinais electroquímicos como se fossem entradas, saídas e fios de um computador. Os neurónios compartilham as mesmas características e têm as mesmas partes que as outras células, mas o aspecto electroquímico deixa-os transmitir sinais por longas distâncias e passar mensagens de um para o outro. Os neurónios possuem três partes básicas: corpo celular, axónio e dendritos.
  • Corpo celular - essa parte principal contém todos os componentes necessários da célula, como o núcleo (que contém DNA), retículo endoplasmático e ribossomos (para construir proteínas) e mitocôndria (para produzir energia). Se o corpo celular morrer, o neurónio morre.
  • Axónio - essa projecção da célula, longa e semelhante a um cabo, transporta a mensagem eletroquímica (impulso nervoso ou potencial de acção) pela extensão da célula; dependendo do tipo do neurónio, os axónios podem ser cobertos por uma fina camada de mielina, como um fio eléctrico com isolamento. A mielina é feita de gordura e ajuda a acelerar a transmissão de um impulso nervoso através de um axónio longo. Os neurónios com mielina costumam ser encontrados nos nervos periféricos (neurónios sensoriais e motores), ao passo que os neurónios sem mielina são encontrados no cérebro e na medula espinhal.
  • Dendritos ou terminações nervosas - essas projeções pequenas e semelhantes a galhos realizam as conexões com outras células e permitem que o neurónio se comunique com outras células ou perceba o ambiente a seu redor. Os dendritos podem se localizar em uma ou nas duas terminações da célula.

O cérebro realiza várias tarefas incríveis:

  • controla a temperatura corpórea, a pressão arterial, a freqüência cardíaca e a respiração
  • aceita milhares de informações vindas dos nossos vários sentidos (visão, audição, olfato)
  • controla nossos movimentos físicos ao andarmos, falarmos, ficarmos em pé ou sentarmos
  • nos deixa pensar, sonhar, raciocinar e sentir emoções
Todas essas tarefas são coordenadas, controladas e reguladas por um órgão que tem mais ou menos o tamanho de uma pequena couve-flor: o cérebro.

O cérebro humano
Nosso cérebro, medula espinhal e nervos periféricos compõem um sistema de controle e processamento integrado de informações. O estudo científico do cérebro e do sistema nervoso é chamado de neurociência ou neurobiologia. Como o campo da neurociência é tão vasto e o cérebro e o sistema nervoso, tão complexos, este artigo vai começar dando uma visão geral sobre esse órgão.
Vamos examinar aqui as estruturas do cérebro e o que cada uma delas faz. Após essa explicação geral sobre o cérebro, você vai poder entender conceitos como controle motor, processamento visual, processamento auditivo, sensações, aprendizagem, memória e emoções.

Cérebro de pilotos de caça ajuda a suportar pressão


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©2010 HowStuffWorks
Um estudo da University College London, publicado no Journal of Nueroscience, mostra que a habilidade de pilotos de caça de trabalhar sob pressão se deve ao modo como o cérebro deles está conectado. O estudo encontrou diferenças na massa branca e nas conexões do hemisfério direito do cérebro, se comparados com outros voluntários que não eram pilotos.

Os pilotos de Força Aérea são treinados para voar a velocidades supersônicas e baixa altitude, o que requer controle absoluto para lidar com qualquer erro possível. A disciplina dos pilotos está nos limites da capacidade cognitiva humana, por isso os médicos resolveram estudar seus cérebros.

Os cientistas analisaram 11 pilotos de caça de jatos Tornado, da Força Aérea Real britânica. Eles fizeram testes cognitivos visuais para medir a velocidade e a precisão com que conseguem responder a um alvo enquanto estão sendo distraídos. Ainda não está claro se os pilotos nascem com essas diferenças nas conexões cerebrais ou se as desenvolvem como resultado do treinamento.
A notícia foi publicada pela BBC.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pensamento do dia

"Existem pessoas divertidas que não interessam e pessoas interessantes que não divertem."
(Benjamín Disraeli)

Sumo da Luz do Sol

Ingredientes:  Biológicos


2 maçãs com casca e sem semente
1 pepino médio
2 copos de folhas de espinafre ou outra hortaliça verde escura *1
1 ramos de hortelã ou erva principe ou erva cidreira
1/2 copo de grãos germinados *2
1 cenoura
1 gengibre 1 cm
1 ramo de grama/relva de trigo  wheatgrass (opcional) *3
 
Modo de fazer:
Coloque a maçã picada no processador e use o pepino para empurra até que os primeiros líquidos se formem.

Acrescente as sementes germinadas, as folhas verdes, os legumes e as raízes
Use um coador de pano e beba logo em seguida. Pode usar centrifuga.

  

Nota I:
*1
Verduras: alface; agrião; salsa; couve; bróculos; Chicoria.

*2 Sementes ou grãos germinados : girassol, quinoa, gergelim/sesamo, amêndoa, grão de bico, castanhas
*3 Relva/Grama: cevada - aveia - milho

Nota II:
 As gestantes, as crianças, as pessoas debilitadas, os jovens, os idosos, todos que estão saudáveis e queiram prevenir doenças são convidados a provar os suco.
Os efeitos para saúde são profundamente benéficos, as melhorias físicas de pessoas com doenças como a leucemia, o Parkinson, a hepatite, o HIV, intestino preguiçoso, rins em falência, a fadiga cronica, a diabetes e a prevenção do cancro, alem é lógico de uma possível cura do cancro segundo os estudiosos da alimentação saudável.
A base conceitual está no suco da grama do trigo, defendido pela doutora Ann Wigmore (1909-1994) "deixe a comida ser sua medicina" é o lema já apregoado por Hipócrates, o pai da medicina.


Márcia Almeida naturopata, economista e psicologa escreve sobre temas voltados para a alimentação natural, o bem-estar e qualidade de vida.

Sumo Adstringente de Pepino

Ingredientes:
1 pepino (médio).
1 colher de sopa sementes de linhaça demolhada por 6 horas (2 no mínimo)
Modo de Fazer:
Lave bem o pepino em água corrente.
A seguir sem retirar as pevides e com a casca, corte e coloque em palitos, 1 colher sopa de semente de linhaça. Depois coloque tudo (água e sementes) no liquidificador ou varinha mágica e bata bem.
Coe com um pano branco . Beber imediatamente preferencialmente em jejum

Vitamina da Lua

Ingredientes:
 2 colheres (sopa) de semente de linhaça (castanha) para hidratar por 4-8 horas
10 colheres (sopa) de água filtrada ou água de coco-verde.
1 limão médio (2 colheres de sopa)
Modo de fazer:
Coloque a linhaça hidratada (não precisa lavar) no liquidificador e acrescente o suco fresco de 1 limão médio (2 colheres de sopa) e 1 xícara (chá) de água filtrada (ou de coco-verde) e bata até obter uma vitamina cremosa. Coar para tirar as casquinhas da linhaça é opcional.
Opcional:
 1 chávena (chá) de fruta doce (picada), da estação, como maçã*1,  mamão formosa, manga, banana, fruta de conde etc.
 Com a adição da fruta a vitamina terá sabor doce e deverá ser consumida imediatamente após seu preparo.
Dicas do site do doce limão
*1 (adstringente),